quinta-feira, 28 de maio de 2009

Os persas são um povo iraniano que vive principalmente no Irã, com comunidades de expatriados que habitam os países vizinhos e os estados árabes do golfo Pérsico. Um número significativo de persas vive em comunidades de migrantes na América do Norte e da Europa. Os persas se caracterizam tipicamente pelo seu uso do idioma persa e de uma cultura e história própria.
A identidade persa - pelo menos em termos lingüísticos - remonta aos arianos indo-europeus, que teriam chegado a partes do Grande Irã por volta de 2000 - 1500 a.C.. Ao redor de 550 a.C., a partir da província de Fars, no Irã, os antigos persas espalharam sua língua e cultura a outras partes do planalto iraniano através da conquista, bem como assimilaram os povos iranianos e não-iranianos locais ao longo do tempo. Este processo de assimilação continuou diante das invasões dos gregos, árabes, mongóis e turcomanos, e perdurou ao longo dos tempos islâmicos.[14][15]
Diversos dialetos e identidades regionais emergiram com o tempo, enquanto uma orientação distintamente persa se manifestou integralmente no Irã e no Afeganistão no século XX, espelhando desenvolvimentos paralelos que haviam ocorrido na Turquia pós-otomana (Revolução dos Jovens Turcos), no Mundo Árabe (nacionalismo árabe) e na Europa. Com a desintegração dos últimos impérios persas das dinastias Afshárida e Qajar, o Afeganistão, juntamente com os territórios do Cáucaso (Azerbaijão),[16] e da Ásia Central (Tajiquistão tornaram-se independentes do Irã ou foram incorporados ao Império Russo.
Os povos persas formam um conjunto eclético de grupos que tem a língua persa como principal legado em comum. Diversas populações da Ásia Central, como os hazaras, apresentam traços de ancestralidade mongol, enquanto os persas ao longo da fronteira com o Iraque têm ligações com a cultura xiita árabe daquele país. Dialetos regionais falados pelos tajiques no Afeganistão mostram afinidades antigas com os dialetos falados no Corassão e no Tabaristão. Como o persa foi por muito tempo a lingua franca do planalto iraniano (as terras altas entre o Iraque e os vales do rio Indo), ele passou a ser usado por diversos grupos como um segundo idioma, incluindo pelos grupos turcomanos e árabes que habitavam a região. Enquanto a maioria dos persas no Irã aderem ao islamismo xiita, os persas que habitam o leste permanecem sunitas. Pequenos grupos de persas continuam a seguir a fé pré-islâmica do zoroastrismo, no Irã, bem como no Paquistão e na Índia (os parsis), onde o uso do idioma persa permanece sendo utilizado para propósitos litúrgicos.
Enquanto a categorização de um grupo étnico 'persa' permanece utilizada entre estudiosos ocidentais, os pontos de vista locais se inclinam para a descrição dos persas como um grupo pan-nacional, freqüenemente composto por povos regionais que raramente se referem a si mesmos como 'persas', e utilizam-se ocasionalmente do termo 'iraniano'. O uso quase sinônimo de iraniano e persa persistiu ao longo dos séculos, apesar dos significados variados do primeiro termo, que inclui idiomas e grupos étnicos diferentes, ainda que aparentados.

Terminologia


Roupas de antigo nobre e soldados persas.
Os termos Pérsia e persa foram adotados por todos os idiomas ocidentais através dos gregos, e vêm sendo usados para se referir oficialmente ao Irã e seus habitantes desde 1935. Porém não só os iranianos são considerados persas, como diversos outros povos que abraçaram a língua e cultura persa, e que também são descritos como persas por fazerem parte da civilização persa (cultural e lingüisticamente).
Antigüidade
O primeiro registro escrito sobre os persas se encontra numa inscrição assíria de 834 a.C., que menciona tanto Parsua ("persas") quanto Muddai ("medos").[17][18] Este termo utilizado pelos assírios, Parsua, era uma designação especial utilizada para se referir às tribos iranianas do sudoeste (que referiam-se a si próprios como 'arianos'), e vinha do persa antigo Pârsâ. Os gregos (que até então utilizavam nomes relacionados a Média e aos medos) começou, a partir do século V a.C., a utilizar adjetivos como Perses, Persica ou Persis para se referir ao império de Ciro, o Grande.[19] Nas partes da Bíblia onde este reino é mencionado, como nos livros de Ester, Daniel, Esdras e Neemias, ele é chamado de Paras (em hebraico: פרס), ou, por vezes, Paras ve Madai (פרס ומדי, "Pérsia e Média").
Depois das diversas variações do idioma e dos alfabetos utilizados para escrevê-lo durante o Império Parta, durante o Império Aquemênida o persa foi gravado com a escrita pahlavi;[20] já durante o Império Sassânida a mistura de persas, medos, partas e de outros povos indígenas do Irã, incluindo os elamitas, ganharam mais terreno, e uma identidade iraniana homogênea foi criada a tal ponto que todos passaram a ser chamados de iranianos/persas, a despeito de quaisquer afiliações clânicas ou alteridades regionais dialetais ou lingüísticas. Ibn al-Nadim, entre outros historiadores medievais árabes, escreveu que "as línguas iranianas são o fahlavi (pahlavi), dari, khuzi, o persa e o suryani", e Ibn Moqaffa relatou que o khuzi era o idioma não-oficial da Pérsia - Khuz sendo um nome também utilizado para Elam; a identidade elamita, no entanto, provavelmente já não mais existia.ready.
Período islâmico
O termo persa continuou a se referir a diversos povos irânicos, incluindo os falantes do corásmio,[21], do antigo tabari,[22], azari antigo,[23], laki e do curdo.[24].
O historiador árabe Abu al-Hasan Ali ibn al-Husayn Al-Masudi (896-956) também se refere a vários dialetos persas e aos falantes destes dialetos como 'persas'. Ao mesmo em que considera o "persa moderno" (dari) como um destes dialetos, ele também menciona o pahlavi e o antigo azari, assim como outros idiomas persas. Segundo Al-Masudi:[25]:


«Os persas são um povo cujas fronteiras são as montanhas Mahat e o Azarbaijan até a Armênia e Arran, e Bayleqan e Darband, e Ray e o Tabaristão e Masqat e Shabaran e Jorjan e Abarshahr, e Nishabur, e Herat e Marv e outros lugares na terra de Coraçone, e o Sejistão e Kerman e Fars e Ahvaz... Todas estas terras foram uma vez um só reino, com um soberano e um idioma... embora o idioma tivesse algumas diferenças. A língua, no entanto, é uma só, no sentido em que as letras são todas escritas da mesma maneira, e utilizadas da mesma maneira na composição. Existem, então, diversas línguas como o pahlavi, o dari, o azari, assim como outros idiomas persas.»



Período moderno
O nome "Pérsia" foi o nome "oficial" do Irã no Ocidente antes de 1935, porém os próprios persas se referiam ao país desde o período sassânida (226–651 d.C.) como "Irã" (Irān). O primeiro-ministro do Reino Unido, Ramsay MacDonald (1866-1937), e o embaixador britânico no Irã, por exemplo, Percy Loraine, referiam-se ao povo e ao governo iranianos como Persian.[26] Em 21 de março de 1935 o soberano do país, o Reza Pahlavi, proclamou um decreto pedindo aos delegados estrangeiros presentes no país que passassem a utilizar o termo Iran (Irã) nas futuras correspondências formais. A partir de então "iraniano" e "persa" passaram a ser termos utilizados alternadamente à população do país. O termo ainda é utilizado historiamente para designar os iranianos que vivem na região chamada de Grande Irã.[27][28][29]

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